Um velho barbudo - autor de frases antológicas - sentenciou que “a história nunca se repete...”. Em seguida, por cautela, ou por gosto da contradição, acrescentou: “quando se repete, numa primeira vez é na forma de tragédia, numa segunda vez é na forma de farsa”.
O Partido Socialista Brasileiro, PSB - num passado longínquo adepto do “socialismo e liberdade” -, fixou para o dia 27/06/2010, a realização de seu congresso estadual, coroamento dos congressos municipais, com objetivo de decidir sua posição nas eleições de outubro próximo. Provavelmente, era o último dos moicanos ainda a consultara seus filiados. Entretanto, num gesto patético, a Direção Executiva Provisória, sem jamais ter feito uma única discussão sobre o assunto, sem analisar o quadro eleitoral e político, sem fixar qualquer reivindicação, projeto ou proposta, sob pretexto de relações pessoais de amizade, optou por atropelar a democracia e privatizou a política. Decidiu, pelo voto da maioria, “indicar apoio” à uma das candidaturas. Sem entrar no mérito da escolha, declarei, e reafirmo, minha total discordância com este método. E que erra no método erra no essencial.
Erro lamentável, pelo exercício arrogante da política. Reproduz uma prática velha como o Egito (e seus faraós): a idéia de que “os de baixo” não teem condições de decidir seu destino; que cabe “aos de cima” pensar e decidir pelo povo, e ao povo cabe obedecer ao que foi decidido. O resto é bagunça e perda de tempo. Sendo verdade que “o erro é a mãe do acerto”, eis, então, uma reafirmação das razões de Freud: complexo de Édipo, fixação no seio da mãe! ...(?).
Assim, o Partido Socialista Brasileiro imita a arte dos nossos tempos: repete os hábitos e costumes políticos da época. E, nestes “tempos enfumaçados, nem mesmo se deixa confundir com a tragédia. Mas diz a sabedoria popular: “onde tem fumaça tem fogo”.
Expresso aos companheiros, filiados e militantes do Partido Socialista Brasileiro de MG, meus sentimentos de profunda consternação por esta perda irreparável: em 25 anos de existência o PSB-MG nunca havia matado a opinião de seus filiados. Morreu. Ainda assim, façamos os congressos municipais, não se deixem levar pela melancolia. “Sei lá! não sei não...”.
Belo Horizonte 18 de junho de 2010.
WALDO SILVA - Vice Presidente da Comissão Diretora Provisória do PSB-MG
(*) Tributo a José Saramago, autor de um “Ensaio sobre a Cegueira”, socialista libertário, cuja vida foi uma aventura única e a morte é uma perda irreparável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário