Ao
Exmo. Sr.
Presidente Nacional do PSB
Governador do Estado de Pernambuco
D.D. Eduardo Campos
Companheiro,
ONDE FORAM PARAR OS SOCIALISTAS?
Quando iniciei minha militância na política me definia como sendo um ativista de esquerda e carregava comigo três leis fundamentais e sagradas que norteavam meus raciocínios. A primeira era acabar com a propriedade: “nada na sociedade pertenceria exclusivamente, nem singularmente, a ninguém”. A segunda estabelecia um sistema geral de assistência: “todo cidadão seria homem público, mantido, sustentado e ocupado às expensas do público”. A terceira lei fundamental estabelecia um sistema de associação e cooperação: ”todo cidadão contribuirá de sua parte para a utilidade pública, segundo seu talento, sua idade, suas forças e etc.”
Eram sobre esses três pontos que se regulamentariam seus deveres de acordo com as leis naturais. Essas três leis fundamentais seriam imutáveis. Em compensação as leis distributivas e econômicas seriam suscetíveis de serem adaptadas às circunstancias.
Pensava que o socialismo tratava-se, sempre, de abolir o estado e o dinheiro, de fazer desaparecer a distinção entre o público e o privado, de suprimir a divisão da sociedade em classes sociais, de eliminar o trabalho parcelar, ou a oposição cidade/campo.
Era por esse pensamento que costumávamos distinguir os socialistas dos capitalistas.
Tenho consciência que qualquer ideologia política, mesmo a mais realista, mesmo a mais “cientifica”, comporta sua parte de utopia, pelo simples fato de constituir a projeção de um ideal não concretizado. Mas a utopia é, e sempre foi, um importante instrumento do processo político, ainda que para apenas estabelecer o marco divisor entre o possível e o ideal.
Então porque os socialistas declarados, como nós, não defendemos abertamente essas idéias?
Talvez o grande erro dos socialistas esteja no fato de propor um modelo de sociedade socialista e não sermos capazes de explicar que caminho nos levaria a ela, em particular, os primeiros metros.
Convencidos de ser os donos da verdade acreditávamos que podíamos modificar o sistema apenas pela força persuasiva dessas idéias, ante as quais o conjunto da sociedade, pasmo, é convidado a inclinar-se, ou pelo contagio do exemplo, propagar-se e dominar pouco a pouco, a totalidade do corpo social.
Pode-se dizer que nisso reside a gênese da utopia.
Companheiro,
Mudaram o conceito de socialismo e se esqueceram de nos avisar? Existem novos autores de uma espécie de “socialismo contemporâneo” que ainda não li? Ou a sociedade não nos aceita mais como “somos/éramos” e tivemos que mudar em função dela?
Aqui na base ficou muito difícil se definir politicamente. Mas, uma coisa posso afirmar com segurança: com a expansão do pragmatismo na “política fisiologista” e na “vida consumista” essa tal de utopia ta fazendo uma falta danada.
Contagem, 08 de dezembro de 2010.
WELLINGTON SILVEIRA
Secretário de Juventude
PSB-MG
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